segunda-feira, 30 de março de 2009

Calma, Seu Jean Pierre... assim não!


Todas as camareiras sabem que, em caso de estupro, relaxem e usem o joelho... para bom entendedor meia frase basta!

Mas a camareira deste fato não precisou usar o joelho.

Jean Pierre hospedou-se no hotel aqui em São Paulo como mensalista, pretendendo passar cerca de três meses na cidade, fazendo a divulgação dos produtos alimentícios da empresa. Tratava-se de um senhor com um biotipo eclético: devia ter DNA de gnomo (tinha mais ou menos um metro e meio), ouriço (cabelos espetados), peixe telescópio (olhos esbugalhados, saltados para fora) e falava francês... somente francês.

A camareira, Célia, era uma senhora de origem nordestina, muito ética, muito responsável e extremamente auto-confiante. Era engraçada e muito divertida. A melhor e mais experiente camareira do hotel.

Um belo dia Célia foi fazer a limpeza do apartamento de Jean Pierre. Bateu à porta e o francês fez sinal para que entrasse. Célia começou a limpeza seguindo o padrâo: retirar todo o lixo e roupas sujas (lençóis, toalhas, fronhas, etc), limpar o apartamento inteiro e depois arrumar tudo. Enquanto isto, Jean Pierre ficou num canto, tentando não atrapalhar.

Quando Célia foi arrumar a cama, Jean Pierre aproximou-se e "abraçou-a" por trás, levando as mãos de gnomo diretamente aos peitos da camareira. Sentindo o clima esquentar, Célia disse manhosa:

- Calma, Seu Jean Pierre... assim não...

Virou-se de frente para o gnomo sorridente e de olhos esbugalhados e, com a mão direita, agarrou-o pelos colarinhos, quase levantando-o do chão, jogou-o em cima da cama e, apontando-lhe o dedo indicador na cara, disse:

- O se-nhor nun-ca mais fa-ça is-to! Disse assim mesmo, pausadamente, para se fazer entendida.

O gnomo quase teve um treco, afinal Célia era muito mais alta que ele (aliás TODOS no hotel eram muito mais altos que ele) e tinha compleição forte, carnuda. Levantou-se da cama tremendo e saiu do apartamento. Célia continuou seu trabalho como se nada tivesse acontecido.

O gnomo foi direto à sala da gerente geral. Falando francês muito rápido, mal conseguia se expressar, bufando, babando, gaguejando, cheio de trejeitos e biquinhos. A Gerente Geral não falava francês, então chamou a sub gerente, que por sua vez chamou-me para ajudar na comunicação. Tentávamos traduzir o gnomo e entender o que havia acontecido, mas ele só dizia que a camareira o havia agredido e que exigia que ela fosse demitida. Ao ser questionado do porquê da agressão, ele disse que ao passar entre a cama e a camareira, havia tocado de leve no seu corpo acidentalmente, inocentemente. Isso foi motivo? Qual é... esta camareira é louca!

Traduzíamos as palavras do francês e a gerente nem tinha tempo de falar, pois o gnomo estava totalmente alterado, injustiçado, agredido e com seu orgulho ferido... quase com lágrimas nos olhos azuis esbugalhados.

De repente a gerente geral fechou a cara, aproximou-se do francês e com o dedo indicador em riste disse:

- Vou falar em bom português: o senhor suba, arrume suas malas e FORA DAQUI! JÁ!

O gnomo pareceu entender a ordem e, com alguns pequenos passos para trás, foi se encolhendo, fazendo biquinho, sobrancelhas de Capitu (olhos oblíquos e dissimulados) e foi saindo da sala pedindo pardon, pardon, pardon...

A Gerente Geral ligou para a governança e pediu para falar com a camareira do andar. Célia desceu e contou o que havia ocorrido. Jean Pierre subiu, arrumou as malas, passou pela recepção, pagou suas contas e foi-se... para todo lo siempre...

Meses depois a governanta do hotel formou-se na faculdade e voltou na segunda-feira cheia de novidades. O baile de formatura havia sido um sucesso... a banda foi perfeita... E PASMEM: o gnomo tocava na banda e, durante uma música e outra contava piadas ao público... EM BOM PORTUGUÊS! O maldito gnomo falava até gírias... e no hotel só falava francês, né? Safado, ordinário.

Camareiras, sigam o exemplo da Célia mas façam melhor: ao receber um abraço de um hóspede por trás, faça manha, vire-se de frente, faça um carinho no rosto do safado e levante o joelho com violência no meio das pernas do tarado. Isto lhe dará tempo para correr e se livrar do possível estupro. Mas se rolar um clima legal, marque algo fora do hotel, pois lembre-se que o seu tempo dentro do apartamento é cronometrado... não perca seu emprego por uma aventura. O hotel sempre estará ao seu lado em caso de tentativa de abuso sexual.

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