quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

A mulher do 18 - parte I

Caí na besteira de contar esta história em sala de aula e, depois da primeira vez, sou obrigado a repeti-la a todas as outras turmas, pois os alunos mais antigos vão falando para os novos:
- Fala pro Maniçoba contar a história da mulher do 18.
Então vou contá-la aqui.
Os fatos abaixo relatados são minha experiência pessoal. Por razões óbvias vou omitir nomes. Vários funcionários do hotel tiveram "contatos imediatos" com a "mulher do 18" porém em diferentes graus. Alguns hóspedes também tiveram suas experiências.
Quando assumi o cargo de Gerente de Recepção deste hotel, fui alertado pela Chefe de Recepção sobre alguns detalhes e, entre estes, havia o caso do telefone. Ela me disse assim:
- Se o telefone tocar e no visor de cristal líquido aparecer apenas o número do apartamento, e este for qualquer apartamento vago do 18º andar, nem adianta atender, pois não tem ninguém do outro lado. É a mulher do 18 brincando com a gente.
Isto acontecia várias vezes ao dia, e os recepcionistas simplesmente tiravam o telefone do gancho e desligavam imediatamente. Muitas vezes atendi ao telefone por distração, mas havia do outro lado apenas um barulho de TV fora do ar. Segundo informações de vários funcionários, inclusive dos mais antigos, esta mulher sempre esteve presente no 18º andar, e ninguém se lembra de ter havido suicídio ou morte neste andar. Nosso Gerente Geral inclusive já havia chamado um padre para benzer o hotel, pai de santo, médiuns espíritas, mas nunca alguém conseguiu resolver o problema.
Numa certa sexta-feira, fui embora pra casa depois do almoço, pois estaria de plantão no hotel o fim de semana inteiro. Voltei para o hotel por volta de 18h, deixei minha bagagem na recepção e pedi para fazerem o check in em qualquer apartamento e que o mensageiro levasse minha bagagem que depois pegaria a chave.
Desci para ver o jantar no restaurante, fui à boate ver os preparativos para a abertura, abri o almoxarifado para o cozinheiro e mais um monte de coisas. Por volta de 1h30 da madrugada, passei pela recepção e conversei com o Gerente Noturno e com os auditores. Peguei a chave do apartamento e subi para descansar um pouquinho, já que lá pelas 4h30 deveria descer para acompanhar o fechamento da boate e a mise em place do café da manhã.
Entrei no apartamento, liguei a TV e fui escovar os dentes. Voltei para o quarto, tirei os sapatos e o paletó e deitei-me na cama de roupa, pois qualquer urgência no hotel me chamariam. Comecei a assistir um programa qualquer de TV à cabo e, de repente, o quarto foi inundado por um cheiro insuportável de perfume, algo como Channel nº 5 ou Café, doce, exagerado, anacrônico!
- Mas será que algum idiota jogou perfume na Central de Ar Condicionado? – pensei imediatamente.
Mas logo de imediato, olhando para o aparelho de ar condicionado do quarto percebi que não seria este o motivo.
Levantei-me e fui em direção ao corredor de apartamentos, pois alguma hóspede poderia ter passado pelo corredor e, coitadinha, exagerou na dose de perfume. Abri a porta do apartamento, olhei para os dois lados do corredor e não vi ninguém. O mais incrível era que o cheiro era dentro do meu apartamento e fora dele não se sentia nada.
Fechei a porta e, voltando para o quarto, percebi a porta do banheiro fechada, com a luz acesa. Ué! Nunca fecho a porta do banheiro? Aí senti os cabelos da nuca ficarem arrepiados, assim como os pelos dos braços.
Abri a porta lentamente, tentando ver, pelo reflexo do espelho, o que estaria lá dentro, mas sem resultado. Estranho foi ver a cortina do box fechada. Parecia cena de filme tipo “Psicose”, mas abri a cortina do box com violência e... NADA.
Saí do banheiro ainda todo arrepiado e voltei para o quarto. A TV continuava ligada, no mesmo canal, e o cheiro de perfume havia desaparecido. Nesta hora só pensei numa coisa:
- Eu vou é sair daqui!
Calcei os sapatos com pressa, vesti o paletó e desci para perambular pelo hotel. Voltei só depois do dia raiar e, por via das dúvidas, dormi com a TV ligada.
No dia seguinte, ao contar a história para a Chefe de Recepção, ela simplesmente me disse:
- Ela foi te visitar!
Não é preciso dizer que fiquei muito curioso em saber mais sobre o assunto.
Hoje penso como fui idiota: poderia ter pedido para trocar de apartamento, num outro andar!

Um comentário:

  1. Oi Maniçoba!! Adorei essa sua idéia do blog!!!
    Só de ler esse "causo" tô aqui toda arrepiada!!

    Bjs

    Milena (Salvador) lembra??

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