Alguns alunos sempre me pediam para colocar minhas histórias num blog, mas nunca tive muita paciência. Porém, de férias a gente tem mais tempo, né? Espero que gostem! São histórias verdadeiras, vividas em cerca de dez anos trabalhando em hotéis de São Paulo, Rio de Janeiro e estados do nordeste. Divirtam-se!
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Já está aberta?
Antes de começar a contar esta história, gostaria de alertar para o fato de que a foto acima foi tirada com o único objetivo de ilustrar a página. Era a única moeda européia que tinha em mãos (como comprova a foto), e como a história é sobre um europeu...
Bem, o fato ocorreu no hotel em Salvador, aquele mesmo da "Mulher do 18".
Recebemos um grupo de turistas europeus. Não vou dizer o país para não criar constrangimentos . Fizemos a recepção do grupo da mesma maneira que fazíamos habitualmente, com uma mesa colocada no lobby, um recepcionista para conferir os nomes dos hóspedes no rooming list, entregar o envelope contendo a chave do apartamento e o cartão de identificação, receber as FNRHs preenchidas e assinadas e, caso o hóspede quisesse, entregar os trancões de cofre e colher a respectiva assinatura de anuência aos termos de adesão de uso do cofre.
O check in foi feito com muita tranquilidade. Todos os hóspedes subiram para os quartos e passamos a inserir os dados no sistema.
Depois de cerca de cinco minutos, um dos hóspedes do grupo desceu à recepção e, com o envelope nas mãos, disse à recepcionista:
- A senhorita esqueceu-se de dar-me a chave da porta!
Ao ler as falas do hóspede, peço que puxe da memória um sotaque de qualquer país europeu e apliquem à leitura. Mas escolha o primeiro sotaque que vier a sua mente, certo? Assim fica mais interessante.
A recepcionista, com um leve e gentil sorriso, respondeu ao hóspede:
- A chave do apartamento está dentro do envelope, senhor, junto com o cartão de identificação.
O hóspede abriu o envelope e de lá retirou a chave do apartamento e o cartão de identificação:
- Estás a ver, senhorita? A senhorita deu-me apenas o cartão de identificação e um outro papelito. Cá não está a chave do apartamento, ó pá!
Acontece que a chave dos apartamentos do hotel eram chaves magnéticas, que deveriam ser inseridas numa fenda da maçaneta. Ao apertar levemente a chave contra a maçaneta, a porta se abriria. Tratava-se de um cartão metálico num chaveiro.
A recepcionista, educadamente, informou ao hóspede que a chave do apartamento era justamente o que ele pensava ser o cartão de identificação, e que o tal "papelito" era o cartão de identificação, que deveria ser assinado por ele e apresentado em qualquer lugar do hotel para que pudesse debitar suas despesas na conta do seu apartamento.
O hóspede, um pouco irritado, disse à recepcionista:
- Estás a chamar-me de burro? Acaso não sei o que é uma chave?
- De forma alguma, senhor - disse a recepcionista com a tradicional "paciência de Jó" que todos os recepcionistas de hotel do mundo devem ter. Ao terminar a frase, abaixou-se e pegou um apetrecho debaixo do balcão para demonstrar a abertura da porta. Tratava-se de um pedaço de madeira de cerca de 30 cm de altura, com uma maçaneta de verdade, exatamente igual àquela dos apartamentos. Colocou o apetrecho sobre o balcão da recepção, pegou a chave das mãos do hóspede e inseriu na fenda da maçaneta, demonstrando como deveria ser feito da forma correta, dizendo:
- O senhor pega a chave, coloca nesta fenda da maçaneta, pressiona levemente e pronto: está aberta!
- Está aberta? Posso subir?
Não entendendo muito bem o ocorrido, a recepcionista fez menção de entregar a chave de volta ao hóspede, mas este já estava indo em direção aos elevadores.
- Senhor, senhor... a chave do seu apartamento!
O hóspede apenas olhou para trás e disse:
- Já está aberta, e não posso subir?
- Não, senhor! O senhor deve usar a sua chave na maçaneta da sua porta para abri-la.
Contrariado o hóspede voltou e pegou a chave da mão da recepcionista.
- Mas a senhorita me disse que já estava aberta. Agora me diz que eu tenho que abrir a porta?
- Pois é, senhor... - não houve tempo de terminar a frase, pois o hóspede já estava correndo em direção aos elevadores.
Sabemos que numa comunicação entre estrangeiros, de países diferentes, podem surgir frases imcompreensíveis, mas o estrangeiro em questão falava português, fluentemente, diga-se de passagem. Talvez ele não tenha interpretado bem as falas da recepcionista... sei lá!
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Ainda bem q vc não mencionou o pais,kkkk
ResponderExcluiré bom saber algo fluente, rsrs
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