Recebemos um grupo de estrangeiros para um congresso internacional de tecnologia, cujo objetivo era discutir o futuro da TV no séc. XXI. Ocuparam 100% dos apartamentos do hotel e, para desespero dos funcionários em geral, apenas um hóspede falava português.
O check in do grupo foi perfeito. Todos os recepcionistas falavam inglês ou outro idioma qualquer, então não tivemos problemas. O evento acontecia paralelamente em outro hotel, o Jatiúca. Muitos hóspedes nossos iam ao Jatiúca para as reuniões e palestras diariamente, assim como vários hóspedes do Jatiúca vinham ao Meliá para seus compromissos profissionais.
A pedido da organização do evento, as refeições foram servidas na forma de buffet, ou seja self service (ou serv-serv como já tive o prazer de ler em algumas placas de restaurantes por aí).
Estávamos então almoçando, na nossa mesa de costume no restaurante. Como tínhamos um caso de overbooking, o almoço tinha que ser rápido enquanto todos o hóspedes estavam também almoçando.
Os hóspedes iam e vinham... uma visão do inferno: já viram estrangeiros diante de tanta fartura de comida, frutas tropicais e frutos do mar? Pois é... você vê cada coisa que não dá pra acreditar. Alguns hóspedes insistiam em trazer à mesa as cascas das lagostas usadas como decoração do buffet, imaginando que lá dentro o bicho ainda tivesse carne... outros pegavam mangas, bananas e até um doido trouxe a melancia, toda esculpida na forma de uma flor pelo pobre do Garde Manger... tanto tempo ele demorou pra fazer, e talvez tivesse a esperança de usá-la para decorar o buffet do jantar naquele mesmo dia... mas este não é tema da história!
Os garçons passeavam pelo salão com seus blocos de comandas para anotarem os pedidos de bebidas. Foi quando aconteceu o inusitado: o garçon aproxima-se de um coreano, ou chinês, ou não sei o quê, afinal todos têm os olhos puxados, né? e pergunta (não se esqueçam de que existe o tal sotaque).
- To drink? (para beber?)
E o coreano(?) responde:
- Oh, please, a mineral water! (Oh, por favor, uma água mineral)
O garçon: - A Coke, senhor? (assim mesmo: senhor!)
P.S. não se esqueçam do sotaque do coreano(?) falando inglês...
O coreano(?): - No, no... a mineral water!
O garçon: - A Coke, senhor?
O coreano(?): - No: a mineral water!
O garçon não se deu por vencido e perguntou: - A Coke, senhor?
O coreano(?), acho que viu que seu inglês não era lá estas coisas e talvez o nosso garçon poliglota não estivesse compreendendo bem, respondeu com um leve suspiro:
- Yes, yes... a Coke!
Quando vimos o que ocorreu, imediatamente colocamos os mensageiros na recepção e transferimos os recepcionistas para o restaurante, para anotarem os pedidos de bebidas. Fizemos isto durante todo o período de hospedagem dos estrangeiros.
Alguns dias depois a Gerente de A&B (Alimentos e Bebidas) foi analisar os relatórios de estatísticas de vendas e surpreendeu-se:
NUNCA, JAMAIS NA HISTÓRIA DO HOTEL, VENDEU-SE TANTA
COCA-COLA NUM ÚNICO DIA!
COCA-COLA NUM ÚNICO DIA!
Carlinhos tinha esquecido dessa história...rsrsrsr!!!! Para quem estava presente, como eu, foi muito hilário!!!! Fabi
ResponderExcluirProfessor!!! Que história hilária!!! Quando li a parte dos estrangeiros se fartando com tanta "novidade tupiniquim", lembrei-me da minha curtíssima experiência no Noah do Blue Tree Paulista: atendi ÍNDIAS! Sim, índias que não são da futura novela da Globo! Só não me pergunte qual era a tribo!
ResponderExcluirElas cheiravam as frutas e as colocavam nas bandejas novamente, andavam de pés descanços, com seus cabelos negros e longos quase caindo no buffet!
Não houve um overbooking de índias, e por isso os outros clientes olhavam e ficavam com nojo, comentavam, achavam um absurdo o fato delas estarem lá, no mesmo lugar que os outros "normais".
Mas o que dizer dos hábitos alimentares dos japoneses, tão frequêntes por lá? Ovo cru, grão de feijão mofado, tudo misturado e praticamente "bebido" diretamente da tigela.
Beijos! Andressa Michels