Trabalhava num flat aqui em São Paulo, meu primeiro emprego na hotelaria. Era recepcionista tournant, ou seja: peão mesmo... cobria folgas de todos os recepcionistas e não tinha horário fixo de trabalho.
Certo fim de semana, quando tudo estava num marasmo digno de "Sorriso do Lagarto", estávamos eu, outra recepcionista de nome Letícia, o mensageiro Leandro e a então telefonista Márcia. Éramos os únicos no Front Office do hotel.
O mensageiro Leandro era evangélico, e sempre dizia que tinha uma namorada de nome muito esquisito e que iria casar-se com ela. Márcia sempre fazia umas perguntas mais ousadas e ele sempre negava terminatemente: jamais uma "mão boba", uns carinhos mais ousados, um beijo mais invasivo ou qualquer outra coisa que a maioria das pessoas faz num namoro normal. Leandro jurava de pés juntos que, tanto ele, quanto sua namorada de nome esquisito eram virgens e que permaneceriam assim até a noite de núpcias. Mas Leandro era também muito "saidinho" e sempre fazia uns elogios chulos, principalmente à Marcia:
- Ow, Dona Márcia, a senhora tá muito gostosa hoje!
ou então...
- Se eu não fosse noivo a senhora não me escapava!
Mas Márcia sempre levou tudo na brincadeira e respondia:
- Ah, Leandro, você não é de nada... nem com aquela coitada da sua noiva você faz alguma coisa, vai querer fazer comigo? Se enxerga...
Mas neste fim de semana Márcia decidiu que iria se vingar de Leandro e elaborou, juntamente com os demais desocupados da recepção, um plano infalível:
- Chamaria Leandro para dentro do maleiro (compartimento de bagagens) para pedir a ele que retirasse a bagagem do Dr. Fulano de Tal que estava de volta ao hotel;
- Do lado de fora, eu trancaria o maleiro, de forma que o Leandro não tentasse escapar;
- Márcia tentaria seduzir Leandro dentro do maleiro.
Perigoso? Todos diriam que sim e que Márcia corria o risco de ser agarrada por Leandro. Mas se vocês o conhecessem perceberiam que não havia nenhum perigo: ele era muito inocente, apesar de seus 21 anos, muito extremista com relação à religião e, com certeza, entraria em pânico (ao menos era o que esperávamos).
Colocamos o plano em ação. Márcia abriu a porta que dava acesso à Recepção e disse numa voz suave:
- Leandro, você pode pegar a bagagem do Sr. Fulano de Tal que ele vai chegar hoje à noite.
- Claro, Dona Márcia! Seu pedido é uma ordem! - solícito este Leandro... como sempre cheio de lero-lero...
Ao entrarem no maleiro, Márcia deixou a chave de fora. Imediatamente fechei a porta e tranquei. Leandro, ao perceber, começou a gritar para abrirmos a porta. Lá dentro, Márcia iniciava seu plano e dizia com "voz de atendente de telesexo":
- Vem Leandro, eu sei que você me deseja... vem que hoje sou toda sua...
- Não Dona Márcia, pelo amor de Deus, não faz isso! Abre a porta... abre a porta - gritava o desesperado Leandro.
Márcia, indo mais além, desamarrou o lenço do pescoço (parte do uniforme) e começou a abrir os botões da blusa. Leandro entrou em pânico e gritava:
- Pare, Dona Márcia, não faz isso não... Abre a porta, por favor, abre a porta...
- Vem Leandro, eu sei que você me deseja e eu te desejo também... estamos sozinhos aqui... ninguém vai nos incomodar....
Neste momento, Leandro tenta arrombar a porta do maleiro, mas cai no chão. Indefeso, retira o sapato, levanta-se e grita:
- Pare, Dona Márcia, senão lhe dou uma sapatada!
Neste momento a gargalhada foi geral. Já estavam na porta do maleiro escutando o show: eu, a outra recepcionista, uma camareira, a mocinha da lavanderia e um rapaz da manutenção. Antes que Leandro realmente desse uma sapatada em Dona Márcia, abri a porta, e Leandro saiu correndo feito um louco em direção ao vestiário. Márcia estava sentada no chão, no canto do maleiro às gargalhadas, chorando de tanto rir.
Leandro desapareceu. Fomos vê-lo somente no dia seguinte, sério, compenetrado, sisudo. A partir deste dia as brincadeiras com Dona Márcia acabaram-se.
Márcia (este não é seu nome) ainda trabalha na hotelaria. Encontrei-me com ela várias vezes depois que voltei de vez para São Paulo, e lecionávamos no SENAC da Francisco Matarazzo. Relembramos esta história várias vezes e também é uma que faz parte do nosso repertório.
AHAHAHAHAHAHA
ResponderExcluirNao preciso nem dizer nada!!!!
E a que ele teve dor de barriga no taxi vc lembra????
Eu simplesmente amooooooooooooo essa historia. ja contei varias vezes, e odiava sempre ir aos 18º andar de qualquer htl..
ResponderExcluirabç
Marcos Danilo
ah quero maissssssss
Muito engraçado, esse rapaz é muito ingenuo kkk
ResponderExcluirThiago Damata