sábado, 17 de janeiro de 2009

Mineral water, please!

Esta história, diferentemente da anterior, foi presenciada por todos os meus colegas da gerência do Meliá Maceió.

Recebemos um grupo de estrangeiros para um congresso internacional de tecnologia, cujo objetivo era discutir o futuro da TV no séc. XXI. Ocuparam 100% dos apartamentos do hotel e, para desespero dos funcionários em geral, apenas um hóspede falava português.

O check in do grupo foi perfeito. Todos os recepcionistas falavam inglês ou outro idioma qualquer, então não tivemos problemas. O evento acontecia paralelamente em outro hotel, o Jatiúca. Muitos hóspedes nossos iam ao Jatiúca para as reuniões e palestras diariamente, assim como vários hóspedes do Jatiúca vinham ao Meliá para seus compromissos profissionais.

A pedido da organização do evento, as refeições foram servidas na forma de buffet, ou seja self service (ou serv-serv como já tive o prazer de ler em algumas placas de restaurantes por aí).

Estávamos então almoçando, na nossa mesa de costume no restaurante. Como tínhamos um caso de overbooking, o almoço tinha que ser rápido enquanto todos o hóspedes estavam também almoçando.

Os hóspedes iam e vinham... uma visão do inferno: já viram estrangeiros diante de tanta fartura de comida, frutas tropicais e frutos do mar? Pois é... você vê cada coisa que não dá pra acreditar. Alguns hóspedes insistiam em trazer à mesa as cascas das lagostas usadas como decoração do buffet, imaginando que lá dentro o bicho ainda tivesse carne... outros pegavam mangas, bananas e até um doido trouxe a melancia, toda esculpida na forma de uma flor pelo pobre do Garde Manger... tanto tempo ele demorou pra fazer, e talvez tivesse a esperança de usá-la para decorar o buffet do jantar naquele mesmo dia... mas este não é tema da história!

Os garçons passeavam pelo salão com seus blocos de comandas para anotarem os pedidos de bebidas. Foi quando aconteceu o inusitado: o garçon aproxima-se de um coreano, ou chinês, ou não sei o quê, afinal todos têm os olhos puxados, né? e pergunta (não se esqueçam de que existe o tal sotaque).

- To drink? (para beber?)

E o coreano(?) responde:

- Oh, please, a mineral water! (Oh, por favor, uma água mineral)

O garçon: - A Coke, senhor? (assim mesmo: senhor!)

P.S. não se esqueçam do sotaque do coreano(?) falando inglês...

O coreano(?): - No, no... a mineral water!

O garçon: - A Coke, senhor?

O coreano(?): - No: a mineral water!

O garçon não se deu por vencido e perguntou: - A Coke, senhor?

O coreano(?), acho que viu que seu inglês não era lá estas coisas e talvez o nosso garçon poliglota não estivesse compreendendo bem, respondeu com um leve suspiro:

- Yes, yes... a Coke!

Quando vimos o que ocorreu, imediatamente colocamos os mensageiros na recepção e transferimos os recepcionistas para o restaurante, para anotarem os pedidos de bebidas. Fizemos isto durante todo o período de hospedagem dos estrangeiros.

Alguns dias depois a Gerente de A&B (Alimentos e Bebidas) foi analisar os relatórios de estatísticas de vendas e surpreendeu-se:

NUNCA, JAMAIS NA HISTÓRIA DO HOTEL, VENDEU-SE TANTA
COCA-COLA NUM ÚNICO DIA!

2 comentários:

  1. Carlinhos tinha esquecido dessa história...rsrsrsr!!!! Para quem estava presente, como eu, foi muito hilário!!!! Fabi

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  2. Professor!!! Que história hilária!!! Quando li a parte dos estrangeiros se fartando com tanta "novidade tupiniquim", lembrei-me da minha curtíssima experiência no Noah do Blue Tree Paulista: atendi ÍNDIAS! Sim, índias que não são da futura novela da Globo! Só não me pergunte qual era a tribo!

    Elas cheiravam as frutas e as colocavam nas bandejas novamente, andavam de pés descanços, com seus cabelos negros e longos quase caindo no buffet!

    Não houve um overbooking de índias, e por isso os outros clientes olhavam e ficavam com nojo, comentavam, achavam um absurdo o fato delas estarem lá, no mesmo lugar que os outros "normais".

    Mas o que dizer dos hábitos alimentares dos japoneses, tão frequêntes por lá? Ovo cru, grão de feijão mofado, tudo misturado e praticamente "bebido" diretamente da tigela.

    Beijos! Andressa Michels

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